Cultivo Indoor e Outdoor: Vantagens e Desvantagens

O cultivo de cannabis é uma prática que pode ser adaptada a diversas condições ambientais, principalmente através de dois métodos: indoor e outdoor. Cada modalidade possui características próprias que influenciam o desenvolvimento da planta e o rendimento final. O cultivo indoor permite maior controle sobre as variáveis ambientais, enquanto o outdoor oferece um ambiente mais natural e econômico. Para escolher o método mais adequado, é necessário compreender as particularidades de cada um, considerando fatores como controle de luz, ventilação, nutrição e custo de manutenção (Green, 2019).

 

Cultivo Indoor

O cultivo indoor ocorre em ambientes controlados, como estufas, armários ou salas dedicadas, onde é possível regular luz, temperatura, umidade e ventilação. Essa modalidade é recomendada para regiões com condições climáticas adversas ou onde o cultivo discreto é necessário.

Vantagens do Cultivo Indoor

-Controle ambiental: O indoor permite regular luz, temperatura, e umidade, criando condições ideais para o crescimento da cannabis em qualquer época do ano (Potter, 2009).

– Discrição: Cultivos indoor são mais discretos, pois ficam isolados e reduzem a exposição visual e olfativa da planta.

– Colheitas múltiplas: Como o ambiente é controlado, é possível realizar colheitas ao longo de todo o ano, o que aumenta o rendimento e a produção.

Desvantagens do Cultivo Indoor

– Custo elevado: O cultivo indoor requer um investimento inicial significativo em equipamentos de iluminação, ventilação e controle de umidade.

– Consumo de energia: O uso constante de luzes artificiais e ventiladores pode elevar o consumo de energia elétrica.

– Complexidade: Manter um ambiente estável exige conhecimento e atenção, pois erros no manejo podem afetar a saúde das plantas.

Técnicas Específicas para Cultivo Indoor

1. Luzes de Crescimento:

 As lâmpadas de crescimento, como LEDs e HPS, devem ser ajustadas para fornecer um espectro adequado de luz. Em geral, 18 horas de luz e 6 horas de escuridão são recomendadas para a fase vegetativa, enquanto 12 horas de luz e 12 horas de escuridão são ideais para a floração (Green, 2019).

2. Controle de Umidade e Temperatura:

Manter a umidade entre 40-70% e a temperatura entre 20-28°C é essencial para o crescimento saudável da planta. Na fase de floração, a umidade deve ser reduzida para evitar fungos nas flores (Potter, 2009).

3. Sistemas de Ventilação: 

Um bom sistema de ventilação é necessário para prevenir o acúmulo de calor e umidade, além de fortalecer os caules das plantas. Ventiladores e exaustores são comumente usados em setups indoor (McPartland et al., 2001).

4. Substratos e Nutrientes:

 No cultivo indoor, o tipo de solo ou substrato utilizado é crucial, bem como o uso de nutrientes específicos para cada fase da planta. O solo deve ser arejado e com boa drenagem para evitar problemas nas raízes.

Cultivo Outdoor

O cultivo outdoor é realizado ao ar livre, utilizando a luz solar como fonte principal de energia. Essa modalidade é mais natural e geralmente mais econômica, embora dependa de condições climáticas favoráveis.

O cultivo outdoor é realizado ao ar livre, utilizando a luz solar como fonte principal de energia. Essa modalidade é mais natural e geralmente mais econômica, embora dependa de condições climáticas favoráveis.

Vantagens do Cultivo Outdoor

– Baixo custo:

O outdoor requer menos equipamentos e consumo energético, sendo uma opção econômica.

– Sustentabilidade: 

O uso de luz solar e recursos naturais reduz o impacto ambiental do cultivo.

– Rendimento elevado: 

Em ambientes ideais, as plantas de cannabis outdoor tendem a crescer maiores e com maior produção de flores.

Desvantagens do Cultivo Outdoor

– Dependência climática:

O cultivo outdoor está sujeito a condições climáticas, o que pode limitar o cultivo em regiões de climas extremos.

– Controle limitado:

 O controle de pragas e doenças é mais difícil no ambiente externo, e a qualidade da colheita pode ser afetada.

– Segurança e privacidade:

Cultivar ao ar livre pode aumentar o risco de roubo e reduzir a privacidade do cultivador.

Técnicas Específicas para Cultivo Outdoor

1. Seleção de Genética:

Escolher genéticas adequadas para o clima local é fundamental. Variedades Indica são mais indicadas para climas frios e de altitude, enquanto Sativas se adaptam melhor a climas quentes e tropicais (Clarke & Merlin, 2013).

2. Escolha do Local: 

Um local que receba pelo menos 8 horas de luz solar direta por dia é ideal para o desenvolvimento pleno das plantas. Além disso, é importante considerar a proximidade de fontes de água e o tipo de solo (Friedman et al., 2021). 

3. Controle de Pragas: 

Em cultivos outdoor, é comum o uso de técnicas naturais para controle de pragas, como a introdução de insetos benéficos (joaninhas) e plantas companheiras, como a calêndula e o manjericão, que ajudam a repelir pragas de forma natural.

4. Preparação do Solo: 

O solo deve ser enriquecido com matéria orgânica e bem drenado. Testes de pH são recomendados para manter o solo levemente ácido (entre 6 e 7), ideal para a absorção de nutrientes pela cannabis.

Comparação Entre Cultivo Indoor e Outdoor

Aspecto           Cultivo IndoorCultivo Outdoor
Custo InicialAlto (equipamentos de iluminação e controle)Baixo (uso de luz solar e recursos naturais)
ControleElevado (maior controle ambiental)Limitado (dependência climática)
QualidadeMaior controle de qualidade final          Limitado (dependência climática)
ProduçãoColheitas frequentes                       Maior rendimento, mas apenas 1-2 colheitas/ano
SustentabilidadeMenos sustentável devido ao consumo energéticoMais sustentável pelo uso de recursos naturais

Conclusão

A escolha entre cultivo indoor e outdoor depende de diversos fatores, incluindo o clima, o orçamento, e os objetivos do cultivo. O cultivo indoor oferece maior controle, mas demanda um investimento financeiro e energético significativo. Já o cultivo outdoor é mais econômico e sustentável, porém sujeito a variações climáticas que podem influenciar o desenvolvimento das plantas. Com a aplicação das técnicas corretas, ambos os métodos podem produzir cannabis de alta qualidade, permitindo que o cultivador escolha o estilo que melhor atende às suas necessidades e preferências.

Referências

CLARKE, Robert C.; MERLIN, Mark D. Cannabis: evolution and ethnobotany. Berkeley: University of California Press, 2013. ISBN 978-0520270480.

FRIEDMAN, David et al. The complexities of hybrid cannabis varieties and therapeutic ramifications. Frontiers in Plant Science, v. 12, p. 670, 2021. DOI: 10.3389/fpls.2021.00670.

GREEN, Greg. The Cannabis Grow Bible: The Definitive Guide to Growing Marijuana for Recreational and Medical Use. San Francisco: Green Candy Press, 2019. ISBN 978-1937866367.

McPARTLAND, John M.; RUSSO, Ethan B.; GUY, Geoffrey W. A primer of the endocannabinoid system in central nervous system therapeutics. Current Opinion in Neurology, v. 30, n. 3, p. 217-225, 2017. DOI: 10.1097/WCO.0000000000000445.

POTTER, David J. Cannabis horticulture for recreational and medical users. Handbook of Cannabis, p. 187-199, 2009. DOI: 10.1017/CBO9781139565953.014.

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